domingo, 29 de abril de 2012

"Poeta não é somente o que escreve.
É aquele que sente a poesia, 
se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso."
- Cora Coralina

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Empty.


Outro dia, em uma nota de rodapé qualquer eu li que nossos atos tendem a se repetir, querendo ou não, percebendo ou não. “Nossas ações futuras, são pautadas nas anteriores”, se não me engano eram essas as palavras. Fiquei pensando naquilo, mais do que em todo o texto. E de repente, tudo fez um sentido que não havia feito antes. Essa sou eu. A repetição de alguém apaixonada sempre pelo impossível. Pelo charme, pelo perfume, pela inteligência, pela diferença. E essa sou eu, atada a sete nós pela insegurança. Pelo medo de perder alguém que tive medo de conquistar. Minhas mãos, meus pés, meu corpo todo preso. Sou sempre inexperiente em dar um passo à frente, e isso me assusta e me irrita. Sou eu, confusa. Não sou boa em fazer novas amizades, e sou péssima em mantê-las. Por medo de perder, eu afasto. Por medo de sofrer, eu observo de longe. Sempre esperando não ser atingida por qualquer resquício de dor, de sofrimento. Mas o que acabo ganhando é um monte de nada. Um vazio, sem qualquer coisa pra preencher. Uma vida de felicidade vigiada. De alegrias incompletas e controladas. Porque eu não consigo ser eu, seja lá quem eu sou? É como se nunca eu fosse me encaixar, não importando o tempo e o espaço, nada parece pra mim. Meus livros que estão sempre inacabados, minhas promessas sempre desviadas, minhas histórias que não sei se batem com a realidade, minhas palavras não ditas. Vivo me contando mentiras, para acreditar que seja normal ser como eu sou, mas a verdade é que não é. As pessoas dizem: se você quer, faça, corra atrás. Eu mesma digo isso. Quanto hipocrisia ! A verdade é que eu me acostumei tanto em me arrepender de não ter feito nada, que me acomodei a essa posição. E agora me vejo, de novo, pautando minhas novas ações, nas estúpidas atitudes do passado. Quero um amigo, mas não consigo conversar com ele. E isso não é só uma questão de pensamentos, e sentimentos. Isso se tornou físico pra mim. Não consigo tomar nenhuma atitude, a não ser assistir tudo acontecer, e fingir que não faço parte, que não preciso tomar uma atitude. Sinto-me enojada, ao me olhar no espelho, por ter tanto medo: medo de ele me recusar, de rir de mim, de não querer ser meu amigo. Medo de perder o que não tive coragem nem te conquistar. Medo, medo, medo. Uma vida pautada assim. Uma vida, de cenas repetidas de insegurança. Uma vida minha, vazia de mim.