domingo, 27 de novembro de 2011

Chacoalho as palavras em minhas mãos com toda força e depois as arremesso como dados da sorte que nunca sei como vão cair. Às vezes me parecem uma combinação perfeita. Outras, só uma combinação.


Anallu Goes.

Deixei pra lá e lá ficou.
Foi sem querer, mas não voltou.


Deixei pra lá, e lá fiquei.
Fui embora de mim, sem querer, e não voltei 
                                                [nem sei de onde.




Anallu Goes.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Quando Assim

Quando eu era espera,
Nada era, nem chovia, nem fazia;
Só senti que a calma, não acalma
Quando só a solidão.
Quando eu era estrela
Era inteira na mentira que eu dizia
Ser o que não era,
Convencia, dentro da minha ilusão
Quando eu fui nada,
Faltou nada, tudo pronto pra escrever
Eu não sabia buscar,
Foi quando apareceu,
O que quis inventar,
Pra preencher o meu mundo particular,
No peito que era seu
No seu mundo não há
Mais nada que não eu,
Já sei dizer que o amor pode acordar.
Eu não sabia buscar,
Foi quando apareceu,
O que quis inventar,
Pra preencher o meu mundo particular,
No peito que era seu
No seu mundo não há
Mais nada que não eu,
Já sei dizer que o amor pode acordar. ♪



Quando fui vida, fui sorte. Desconhecia cada passo, mas me guiei ao norte. Ou será que foi ao sul? Cheguei aqui debaixo de chuva e me enfiei num barraco velho apinhado de lembranças alheias. Queria deixar as minhas ali também. Abri a janela. Fui espera.Valeu a pena. Amanheceu. E um raio de sol, tímido, entrou pela janela, tocou minha pele. Pequena coisa. Grande felicidade. Eu não estava mais perdida. Não havia nem chuva nem tempestadade. Havia apenas vontade. Encontrei meu rumo: iria aonde houvesse sol. 

Eu podia ouvir o vento sussurrando meu nome.
Não haverá mais sede, nem fome.
Encobriremos o caminho com flores.
Não derrame medo.
Acreditar é com fervor.
Antes de cair, levante.
Antes de flutuar, ande.
As ruas já não são mais as mesmas - elas se fizeram num instante, e já não são mais.
As luzes da cidade esperam tua noite. Anoiteça.
Vou-me embora, mas não venha.
Meus ouvidos se fecharam tarde demais, minhas palavras falaram até demais.
É hora de guerra - comigo mesma - à espera de paz.
Paz.
Paz e amor.



terça-feira, 22 de março de 2011

O que há atrás de uma lágrima ?



Não há como entender ou explicar. Antes, era necessidade, vício, razão. Antes qualquer detalhe era delírio, alucinação. Mas de tanto flutuar, caí. Então me ensinaram a viver de pés no chão. E que saudades eu tenho de voar ! Mas me conformei que nenhum vício te traz um bem. Que algumas coisas vem com o tempo, não adiantada se matar por isso. Mas agora, não sei se voltei a alucinar, mas o jogo parece virar. Cada minuto me forço a para de pensar - mas já estou pensando. Já estou voando. Cada detalhe , ah ! Cada verdade, ah ! Mas e se for só sonho de novo ? A  questão que me atormenta é cortar o mal pela raiz, ou deixar os pés levantarem do chão ?

Já vi como esse filme termina, mas eu imploro por um final alternativo.

Anallu Goes.

sábado, 19 de março de 2011

saudade ;

Às vezes bate uma saudade de mim.
Ela aperta, quase esmaga e me deixa de mãos atadas.
Porque eu não volto?

Há um mar a espera do meu abraço;
Há um sonho à espera do meu pé, descalço, para trazê-lo à realidade;
Há um luar querendo ouvir meus segredos;
Há sorrindo guardado em meus lábios, esperando para iluminar o dia;
Há palavras espalhadas, querendo que eu as uma para se tornarem vida;
Há o bem e o mal, esperando que eu faça minha escolha certa.
E há, sempre mais. Há sempre em mim.

Mas eu não volto.

Rendi-me às lagrimas, às dúvidas sem querer saciá-las. Perdi-me no que os outros viam em mim, na inveja, na desconfiança.

Rendi-me a alguém que vive dentro de mim, usa meu nome, meu corpo.

Que insiste, mas nunca conseguirá ser eu.

Anallu Goes

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ainda não vi nada .


Eu vi aqueles que sofreram, mas vi aqueles que se levantaram em meio ao sofrimento e deixaram a tristeza largada.

Vi aqueles que perderam, e aprenderam a valorizar. Mas vi os que valorizaram desde o início, e nem perceberam quando o fim chegou.

Vi aqueles que tiveram seus sonhos pisados e amassados, e vi os que passaram cada sonho à ferro quente mas não deixaram de sonhar.

Vi os que perderam a voz, e vi os que encontraram novas maneiras de gritar.
Vi os que lamentaram, os que aprenderam.
Os que imaginaram, os que viveram.
Os que brilharam, os que iluminaram.

Eu vi tanta coisa, mas não vi nada. Ainda não vi nada. 

Há tanto para ver, por dentro e por fora. Ainda não vi o futuro.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Preciso das palavras,
Como o céu precisa do sol a cada amanhecer,
Como a água precisa da terra depois de precipitar nesse ciclo vicioso,
Como o corpo precisa da água, quando a sede já resseca os lábios,
Como os braços precisam dos abraços para se encontrar,
Como a Lua precisa das juras e segredos guardados sobre seu olhar,
Como as lágrimas precisam de um colo para repousar,
Como a noite precisa dos sonhos para acalentar,
Como a vida precisa do tempo para ser,
Como um sorriso preciso do outro pra completar,
Como a tristeza precisa do fogo para virar cinza,
Como o coração precisa da batida,
A distância precisa da despedida,
O tudo precisa da verdade,
 E a vida precisa, às vezes, sair da realidade.
Como o corpo precisa do movimento, 
e a respiração precisa do ar,
eu preciso das palavras.


Anallu Goes

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A manhã caiu serena,
como na nossa primavera.
Mas logo se fez tormento,
como o mar furioso com as ondas.
Se fez angústia , e confusão.
Porque não confiei mais em mim,
desde o momento que seus olhos
encontraram atônitos os meus.
Percebi que eles se procuravam há tempos,
e seu encontro tirou minha razão.



Anallu Goes

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Como posso ?

Como posso não ouvir mil vezes a mesma música, se ela canta tudo que sinto ?
Como posso não sentir o gosto salgado em meus lábios, se as lágrimas insistem em correr no meu rosto ?
Como posso arrancar essa angústia toda ?
Como posso simplesmente ignorar ?
Como posso parar de ver em cada segundo uma eternidade ?
Como posso sonhar acordada ?
Como posso caminhar de olhos fechados ?
Como posso não me apaixonar pelo luar ?
Como posso fazer o infinito caber aqui ?
E o pra sempre se iniciar agora ?

Como posso impedir o sol de brilhar, todos os dias, outra vez ?

Anallu Goes

(Meu) Mar .

Estava com os pés na água. Eu não queria mergulhar, mas o dia estava tão lindo que não me preocupei com nada, e mergulhei de cabeça, esquecendo tudo que estava para trás. Dentro da água, nada lá fora me importava. Eu tinha medo de me afogar, mas ao mesmo tempo tinha sede de desvendar os 7 mares. Tocar cada alga, nadar com todos os peixes, e distraída não vi uma tempestade se aproximando. Quando percebi que a tempestade já estava começando, e que eu estava tão longe da costa, fiquei assustada. Eu não podia acreditar que havia chegado tão longe, sem me preocupar com o que estava realmente acontecendo. Me desesperei.Quis sair dali de uma vezes, e acabei deixando partes de mim dentro daquele mar. Quando cheguei orla da praia, ofegante e desnorteada, foi que percebi que havia deixando tanta coisa importante para trás, mas não me pareceu nada grave, eu iria me recuperar. E me recuperei, de uma forma que eu já mais pensei que conseguiria, voltei a ficar feliz a cada amanhecer vista da orla da praia, e a saudades do mergulho no mar eram quase remotas. Viver na orla e contemplar o infinito dali já me parecia o suficiente. Então a maré baixou, e muito. Resolvi que não havia problema se eu sentasse na areia, onde a água não chegava mais. E foi tentador ficar ali tão perto e não poder colocar os pés na água. Mas eu tentei resistir, e tudo estava tranquilo. Adormeci ali mesmo, sentindo o cheiro da água salgada entorpecer meus sentidos. Era tudo que eu mais queria. Quando despertei era tarde demais, a maré já estava me cobrindo novamente, e para não me afogar, mergulhei. De novo. Mas dessa vez, não foi sem pensar. E agora eu estava no mesmo lugar de antes, só que com uma visão um pouco diferente de tudo. Fico o tempo todo olhando para fora, com medo de outra tempestade. Mas quero encontrar uma parte minha que fico aqui, e foi a única que não se reconstituiu. O problema é que esse mar eu já conheço, mas dessa vez sei que posso me afogar por isso estou atenta. Mas sei também que posso aproveitar esse mergulho e ver coisas que antes, quando eu tive medo não pude ver.

Mar, será que dez vez será diferente ? Dessa vez eu vou com calma, mas vou com pressa também. Sei que posso me afogar outra vez, mas minha sede de tentar te desvendar é maior que isso. e espero que seja maior que o medo também. Não acha que já comecei bem ?


Só tentei escrever pra desabafar, e talvez não faça sentido nenhum esse texto.

Anallu Goes

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

São ventos errantes
        de caminhos errados
             sou eu, passante
                    passageira do nada.


Tenho certeza de não ter certeza de nada
            Vejo beleza no vazio da madrugada
               O resto, é tudo cheio demais, é teia sagaz
                 Que me prende em meio aos sonhos, mostrando que as eles não cabe a realidade.


Mas isso não é verdade, é apesar crueldade.


        Sou eu, errante passada quem determinada o que me cabe. A mim e aos meus sonhos.
        E o que cabe a eles, realmente não é a realidade. É algo bem mais bonito, verdadeiro, humano e real.
Anallu Goes #

Não há melhor maneira para se viver do que viver feliz, apesar dos 'apesares'.

Anallu Goes #

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Carta de uma jardineira cansada.

Cara Erva daninha 
(ou seja lá qual é o seu nome científico)

Aprendi que não adianta correr contra o que eu já fiz, as consequências correm muito mais rápido que eu. E se eu tentar fugir, elas colocam o pé na frente e me derrubam. Eu não posso me esquecer do que fiz, e do que cultivei, pois é agora que estou colhendo. E pouco me importa o que você vai colher, mas não se alastre, erva daninha, no meu jardim, achando que pode ser como as outras plantas. Porque quando vejo você destruindo cada muda, que foi tão difícil plantar, com tanta facilidade e frieza, com tanta rapidez, com tanta superioridade, eu sinto mais repulsa de você, erva daninha. Mais repulsa de quão tola eu fui em plantá-la no meu jardim, desejando que se tornasse a mais bela da rosas, alimentando esse desejo até que revelasse que realmente era. Mas será mesmo que a culpa foi minha? As sementes eram tão iguais, que não pude diferenciar. E agora eu daria todo o meu jardim à você, erva daninha, para que toda essa sua destruição acabasse. Para que cessasse todo o rancor que eu guardo, por você, e só por você, já que os insetos não destroem tanto, nem algumas pragas, que posso deter com facilidade. Eu lhe daria o meu jardim, e começaria um novo, limpo de você. Mas não dá, pois só temos um jardim na vida. E como esquecê-la se você limpou-me de outras ervas, mas acabou com meu campo de margaridas? É, talvez seja tarde demais. E não sei como isso vai acontecer daqui pra frente, mas eu joguei limpo, eu falei o real, falei o que vi, querendo ou não, estava mais do que na cara os destroços no jardim. Então, lhe peço erva daninha, não me cause mais repulsa. Espero que agora que com todo custo estou te removendo de todos os cantos do presente jardim, (porque no passado você sempre estará aqui) não volte mais, pra não machucar mais. Porque te elevei à condição de um flor rara, e não o eras. E nessa parte a culpa é minha, eu esperei demais. Flores raras, são realmente raras. Tenho algumas no meu jardim, mas fui ambiciosa querendo mais, e desvalorizando as que tinha. Que arrependimento ! Eu já tinha plantas tão raras, tão maravilhosas, mas mesmo distante não deixei que você as destruisse. Espero, erva daninha, que encontre um outro jardineiro que te queira, para matar plantar indesejáveis, ou pra começar um jardim, por que no meu jardim você não cabe mais. E escrevo essa carta porque já estou cansada disso.

Anallu Goes, A Jardineira.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

All I ever wanted.

Acordei antes do sol raiar, pra fazer tudo que eu sempre quis. Corajosa eu? Poderia dizer que é uma questão de sobrevivência.Já pisaram tanto nos meus sonhos que decidi desamassá-los e colocá-los em minha bolsa nessa jornada. Coloquei também, uma dose de realidade, para não pisar em ovos por aí ! Peguei meu carro anos 90, e saí por aí. Vou escrever um livro, plantar uma árvore, e bem pra frente, num futuro ainda distante, ter um filho. Sim, eu sei que sempre disse para ser diferente. Mas quem nesse mundo segue realmente esse antigo ditado , não é? Tenha um filho, plante uma árvore, escreva um livro.Um, dois ou três. Não é uma ordem, é um desejo. 
Gritei para todos que perderam a fé nesse mundo, para todos que deixaram de sonhar: não se espelhe nos outros! Não estou dizendo para deixar de aprender o que os outros te ensinam, ou pra pular da ponte esperando ser diferente e não morrer. Não seja tão radical! Apenas não se espelhe e viva suas próprias experiências.Não deixe que os outros decidam o rumo da sua vida por você! Se não deu certo para eles, foi para eles.Quem sabe o caminho que eles trilharam não foi feito pra você? Você ainda nem tentou pra saber! Arrisque. 
Eu arrisquei. E risquei o chão de giz, fiz desenhos, escrevi, brinquei de amarelinha. Tomei um banho de chuva. Depois, quando cheguei molhada em casa, onde realmente senti que sou bem vinda, e que ali é o meu lugar, sentei-me ao pé da janela, pra ver, por alguns minutos a vida correndo lá fora. Então, pulei a janela e saí correndo também. Não atrás da vida, mas junto com ela, no seu ritmo, e aí vem outro clichê para me acompanhar: tudo tem seu tempo. 
E quando a noite da vida brilhou, eu estava lá, deitada ao pé da minha árvore, laranja-lima, lendo o livro que escrevi pela centésima vez, achando que podia ser melhor, aninhada ao filho, aquele que no futuro distante chegou e que agora é meu presente mais verdadeiro.