domingo, 30 de setembro de 2012

Fui pega contando estrelas. Me disseram que era inútil continuar, que não havia fim, que não contaria todas, e talvez, contasse as mesmas, pois eram todas parecidas. Era perda de tempo. Idiotice. Mas eles não vêem. Não conto estrelas pelo resultado. Não é nenhuma contagem quantitativa. É estritamente qualitativa. Porque, quando a insônia vem, as estrelas me encontram e me acompanham. Nos embalos da madrugada. E elas brilham, unicamente, meu caro amigo. Confundi-las é para aqueles que não as admiram. Conto pra me desprender do chão. Pra encontrar o céu. Olho pra cima, em busca de algo mais. Algo além do que o esperado me reserva. Algo além do que o útil me entrega. Por eu tenho certeza de que, depois no número dez, já perdi a conta e a direção. Mas ganhei sentido, sono e sonho. E um pouco de paz, também. Ocupei minha mente e, de quebra, meu coração com algo bom. Uns contam ovelhinhas - e acho elas fofinhas. Mas eu, eu conto estrelas, coração.

- Anallu Goes.



terça-feira, 25 de setembro de 2012

Hoppípolla!

E ela veio.
Serena.
Veio assim, sem avisar.
Mas não ligo não.
Veio assim, pra arrasar.
Mas não ligo não.
Levou e lavou o que tinha no seu caminho.
Minh'alma estava lá.

Ai, ai.
Posso senti-la.
Como dizem os islandeses
(perdoem minha pronúncia),
Hoppípolla!
Ai, ai.

Ela veio, como o veio de um rio.
Escorreu delicada pelas curvas do rosto.
Atrevida encontrou teus lábios.
Respigou alegria.

Bem-vinda, chuva.



terça-feira, 11 de setembro de 2012

Ai!

_ Amantes.
_ Aos montes.
_ Amador!
_ Ama a dor?
_ É.
_ Por que ama a dor?
_ Não amo a dor, amo o amor, mas sou novo nessa coisa.
_ Ama o amor?
_ Ou será que o amor é que me ama?
_ Onde a dor entrou na história, me explica, por favor?
_ Não queria falar de amantes?
_ Queria.
_ A dor é intrínseca, meu amor.
_ E como amar?
_ Não sei.
_ Não sabe?
_ Ah, somos um bando de amadores, que não sabemos o que é o amor!
_ Meu deus! Quantas dores você ama?

- Anallu Goes

Me desculpem a confusão.

São 00:41
Não tenho nada.
Tentei dedilhar qualquer melodia
mas meus dedos curtinhos não ajudam.
E minha falta de coordenação motora entra na dança.
Pus o som baixinho, pra não acordar o vizinho.
Contradança.
Que cadeira desconfortável.
Rodo.
A música pega minha mão direita, e me chama pra dançar.
Os pés descalços,
as mãos, desajeitadas,
a cabeça dando vida às bobagens do coração.

Cada barulho na madrugada parece trovão.
Te conto um segredo:
tenho medo de trovão.
A madrugada, seu silêncio trincado
Pelo meu trovão.

Moço, são 01:00
Não tenho nada.
Nem poesia,
Nem melodia,
Nem companhia
                            -  só tenho insônia.

- Anallu Goes

sábado, 1 de setembro de 2012

razão de ser.

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

- Paulo Leminski

_Simplifique.
_Como?
_Simples, fique.

- Anallu Goes.