segunda-feira, 30 de julho de 2012

Estava lendo poesia
a essa hora do dia.
Cinco horas da manhã que galo não canta.
Vivo na cidade, menina.
Quem canta por aqui é pneu que corre na pista.
Nas curvas de arranha céu que ainda bem não arranhou o céu ainda,
mas que é alto a perder de vista.
Estava lendo poesia,
e raiou o dia.
Me esquivei do cotidiano
e esbarrei na contramão.
Me aninhei nos cobertores
e fechei os olhos,
enquanto os sinais abriam.
Enquanto a cidade se espreguiçava veloz,
eu dormia, atrevida, por ignorar as ordens,
por mudar o tempo.
Só acordo quando a cidade dorme.
Rotina me nina.

- Anallu Goes.

rima combina.

Fujo.
Finjo.
Re fujo.
Refúgio.
Refuljo.
É, refuljo.


- Anallu Goes.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Uma mancha de café.


Ler o futuro  passado nas borras de café.
Pra poder entender a insônia insolente
que traz consigo inspiração enganação.
Tenho olheiras porque verso tem fotofobia.
Verso bom não pode com a luz do dia
- ele se solta de madrugada.

-Anallu Goes.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Me questionaram, certa vez, pela manhã:
_ Tudo que você escreve você já viveu?
Pergunta clichê. Mas respondi, ensolarada:
_ Claro que sim!
_ Uau!
_ Pois é! Você não sabe a vida que a imaginação é capaz de me proporcionar!
_ Ah, mas então é de mentirinha? É da sua cabeça?
_ Pra mim é mais verdadeiro que muita verdade que as pessoas dizem saber. Não é de  mentirinha: é a forma como o mundo se mostra pra mim.


-Anallu Goes.

Na busca constante por algo longevo.
Entro em conflito com a erudição. Um, duas, centenas de vezes.
Quero simplicidade vulnerável.
Me ocupei em cercar tudo com cerquinha branca.
E borrei a porta da cor do céu.
O tédio se entreteve com minha rotina.
E então ele veio. Zanago.
O rotacismo? Um charme, à parte.
Chamo-o de napalm.
Porque ele tornou tudo incendiário.

-Anallu Goes.
Faz nada não.
Vou por aqui divagando, derramando, ponderando.
Gerúndios não me faltarão.
E você? Você num faz nada não.
Que eu estou te olhando, me inspirando e por atrevimento, quem sabe, filosofando.
Eu fico aqui brincando, com meu brinquedo mais antigo.
Com meu brinquedo preferido:
as palavras.