sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Carta de uma jardineira cansada.

Cara Erva daninha 
(ou seja lá qual é o seu nome científico)

Aprendi que não adianta correr contra o que eu já fiz, as consequências correm muito mais rápido que eu. E se eu tentar fugir, elas colocam o pé na frente e me derrubam. Eu não posso me esquecer do que fiz, e do que cultivei, pois é agora que estou colhendo. E pouco me importa o que você vai colher, mas não se alastre, erva daninha, no meu jardim, achando que pode ser como as outras plantas. Porque quando vejo você destruindo cada muda, que foi tão difícil plantar, com tanta facilidade e frieza, com tanta rapidez, com tanta superioridade, eu sinto mais repulsa de você, erva daninha. Mais repulsa de quão tola eu fui em plantá-la no meu jardim, desejando que se tornasse a mais bela da rosas, alimentando esse desejo até que revelasse que realmente era. Mas será mesmo que a culpa foi minha? As sementes eram tão iguais, que não pude diferenciar. E agora eu daria todo o meu jardim à você, erva daninha, para que toda essa sua destruição acabasse. Para que cessasse todo o rancor que eu guardo, por você, e só por você, já que os insetos não destroem tanto, nem algumas pragas, que posso deter com facilidade. Eu lhe daria o meu jardim, e começaria um novo, limpo de você. Mas não dá, pois só temos um jardim na vida. E como esquecê-la se você limpou-me de outras ervas, mas acabou com meu campo de margaridas? É, talvez seja tarde demais. E não sei como isso vai acontecer daqui pra frente, mas eu joguei limpo, eu falei o real, falei o que vi, querendo ou não, estava mais do que na cara os destroços no jardim. Então, lhe peço erva daninha, não me cause mais repulsa. Espero que agora que com todo custo estou te removendo de todos os cantos do presente jardim, (porque no passado você sempre estará aqui) não volte mais, pra não machucar mais. Porque te elevei à condição de um flor rara, e não o eras. E nessa parte a culpa é minha, eu esperei demais. Flores raras, são realmente raras. Tenho algumas no meu jardim, mas fui ambiciosa querendo mais, e desvalorizando as que tinha. Que arrependimento ! Eu já tinha plantas tão raras, tão maravilhosas, mas mesmo distante não deixei que você as destruisse. Espero, erva daninha, que encontre um outro jardineiro que te queira, para matar plantar indesejáveis, ou pra começar um jardim, por que no meu jardim você não cabe mais. E escrevo essa carta porque já estou cansada disso.

Anallu Goes, A Jardineira.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

All I ever wanted.

Acordei antes do sol raiar, pra fazer tudo que eu sempre quis. Corajosa eu? Poderia dizer que é uma questão de sobrevivência.Já pisaram tanto nos meus sonhos que decidi desamassá-los e colocá-los em minha bolsa nessa jornada. Coloquei também, uma dose de realidade, para não pisar em ovos por aí ! Peguei meu carro anos 90, e saí por aí. Vou escrever um livro, plantar uma árvore, e bem pra frente, num futuro ainda distante, ter um filho. Sim, eu sei que sempre disse para ser diferente. Mas quem nesse mundo segue realmente esse antigo ditado , não é? Tenha um filho, plante uma árvore, escreva um livro.Um, dois ou três. Não é uma ordem, é um desejo. 
Gritei para todos que perderam a fé nesse mundo, para todos que deixaram de sonhar: não se espelhe nos outros! Não estou dizendo para deixar de aprender o que os outros te ensinam, ou pra pular da ponte esperando ser diferente e não morrer. Não seja tão radical! Apenas não se espelhe e viva suas próprias experiências.Não deixe que os outros decidam o rumo da sua vida por você! Se não deu certo para eles, foi para eles.Quem sabe o caminho que eles trilharam não foi feito pra você? Você ainda nem tentou pra saber! Arrisque. 
Eu arrisquei. E risquei o chão de giz, fiz desenhos, escrevi, brinquei de amarelinha. Tomei um banho de chuva. Depois, quando cheguei molhada em casa, onde realmente senti que sou bem vinda, e que ali é o meu lugar, sentei-me ao pé da janela, pra ver, por alguns minutos a vida correndo lá fora. Então, pulei a janela e saí correndo também. Não atrás da vida, mas junto com ela, no seu ritmo, e aí vem outro clichê para me acompanhar: tudo tem seu tempo. 
E quando a noite da vida brilhou, eu estava lá, deitada ao pé da minha árvore, laranja-lima, lendo o livro que escrevi pela centésima vez, achando que podia ser melhor, aninhada ao filho, aquele que no futuro distante chegou e que agora é meu presente mais verdadeiro.