quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Bobagens.

Guardei um pouco de chuva
e pipoca doce pra nós dois
E desatei os nós depois,
pra ninguém se perder.

Maldizer a rotina é coisa
de quem não acorda
com a luz que descortina
dos teus olhos todo dia

E se eu apagar uma coisa ou outra
Não me faça pagar de boba
Não me faça despir minh'alma.

Fecho os olhos, miudinhos
pra deixar que o vento sopre
e que a roupa amarrote.
Faço coque preguiçoso,
e fico fora de área.

Encosta (na) a porta
Que o sim nos convida.
E a tristeza? Tá de partida.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Blue bird.

Aquarela,
noite vela
e a tinta se derrama sobre mim.

Faz-me nela,
faz-me dela,
alma e tela,
cor e sim.

Pincelada,
tudo ou nada,
sejas flores do jardim.

É que o sono,
madrugada,
me invade e por fim

desse burburinho eu faço samba
acapela
e a dor que dói de amor é coisa bamba
de novela
o sol já vai raiar o novo dia
agonia
e as doses, ah, as doses
não se regam, não se rimam,
só me fazem
ser prazer e poesia.
É que, quando perco a esperança, encontro a poesia.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Distante, distante,
de um instante distante,
é que eu preciso.

Mas as coisas planejadas na abóbada
não são de concreto não, meu bem.
Porque ela vem e destrói tão, tão facilmente
que parecem colunas de gelatina.

E não importa quanto tempo passe
Não conta onde eu esteja,
é inerente.

Sufocante.

domingo, 14 de outubro de 2012

Ontem me contaram que sou feliz.
Não paro de rir desde então.


Não sei se rio de alegria.
Não sei se rio de ironia.

- Anallu Goes.

domingo, 30 de setembro de 2012

Fui pega contando estrelas. Me disseram que era inútil continuar, que não havia fim, que não contaria todas, e talvez, contasse as mesmas, pois eram todas parecidas. Era perda de tempo. Idiotice. Mas eles não vêem. Não conto estrelas pelo resultado. Não é nenhuma contagem quantitativa. É estritamente qualitativa. Porque, quando a insônia vem, as estrelas me encontram e me acompanham. Nos embalos da madrugada. E elas brilham, unicamente, meu caro amigo. Confundi-las é para aqueles que não as admiram. Conto pra me desprender do chão. Pra encontrar o céu. Olho pra cima, em busca de algo mais. Algo além do que o esperado me reserva. Algo além do que o útil me entrega. Por eu tenho certeza de que, depois no número dez, já perdi a conta e a direção. Mas ganhei sentido, sono e sonho. E um pouco de paz, também. Ocupei minha mente e, de quebra, meu coração com algo bom. Uns contam ovelhinhas - e acho elas fofinhas. Mas eu, eu conto estrelas, coração.

- Anallu Goes.



terça-feira, 25 de setembro de 2012

Hoppípolla!

E ela veio.
Serena.
Veio assim, sem avisar.
Mas não ligo não.
Veio assim, pra arrasar.
Mas não ligo não.
Levou e lavou o que tinha no seu caminho.
Minh'alma estava lá.

Ai, ai.
Posso senti-la.
Como dizem os islandeses
(perdoem minha pronúncia),
Hoppípolla!
Ai, ai.

Ela veio, como o veio de um rio.
Escorreu delicada pelas curvas do rosto.
Atrevida encontrou teus lábios.
Respigou alegria.

Bem-vinda, chuva.