Não sei
se foi a meia hora que iniciava o amanhecer, ou a meia hora que estreava a
aurora, mas sei que aconteceu.
A
verdade é que ela se fez em meia hora. Trinta minutos, sem mais nem menos. Três
mil e seiscentos segundos fizeram-na. Não me pergunte se foram suficientes,
porque sou míope e pra mim, ela não passa de um borrão.
Não se
assuste. A pressa já perdeu a velocidade, virou rotina, virou o novo marcador
do tempo. É a vida, corrida. É o movimento que ninguém pode parar. Ninguém pode
parar. Ele ecoa. E nas ondas desse eco, fizeram-na assim: meio noite, meio dia;
meio cheia, meio vazia; meio feliz, meio com medo; meio cética, meio poética;
meio sonho, meio realidade; meio abstração, meio de verdade; meio jazz, meio samba; meio Hollywood, meio
Copacabana; meio cópia, meio original; meio romance com happy end, meio terror trash;
meio ação, meio observação; meio inexpressiva, meio fatal.
A
verdade é que de metades ela está cheia.
De metades, ela se fez e se faz. De metades ela se completa.
- Anallu Goes.
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