sábado, 19 de maio de 2012

Pontuação.

Declarei-me poeta. 
Pus um ponto final para que perceba minha declaração.
E ao final de minha fase incrédula, coloquei outro ponto final. 
É preciso sensibilidade para perceber que essa fase, dita em frase, merece um ponto final.
Foi um período enorme de descrença, o qual fui escrevendo, escrevendo, escrevendo, e me perdendo sem entender o que sou.
É difícil se escrever, e botar um ponto final.
Mas então, me incomodei com tantas interrogativas diretas. Os pontos de interrogação já não cabiam sem explicação. As exclamações ao encontro de suas interjeições. Ora! Não me pontue tão grosseiramente. Use cada símbolo delicadamente. 
Escrevo, escrevo e depois dos dois-pontos esclareço: sou muito mais do que cabe entre um par de vírgulas, numa oração explicativa. Além disso, sou às vezes, restritiva - vírgulas não cabem aqui. Certos momentos, só separando minhas orações, eu faço sentido.
E jamais, em tempo algum, me separe de minha ação. Sou sujeito que precisa de verbo, e isso vírgula nenhuma pode separar - nem eu nem a gramática podemos aceitar. 
Eu sou poeta, por isso mereço reticências.


Eu sou poeta...


- Anallu Goes

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